Regina, março 2014. |
Sabemos que a relação é indispensável para o ser humano. Como o ser humano é um ser social, a relação é
algo natural em sua vida. Todavia, uma relação significativa ainda é difícil em
qualquer circunstância.
Relação é um termo bastante amplo, mas aqui optamos por
defini-la como ligação, conexão. O ser humano precisa de relações
significativas, verdadeiras e profundas para viver. O calor humano,
cuidado,
a empatia e a dedicação são essenciais ao amor que, por sua vez, é essencial ao
processo de tornar-se uma pessoa. Compreender melhor os outros, reagir com
empatia às suas necessidades e aos seus sentimentos, permite ter menos medo dos
outros, sentirmo-nos mais próximos, mais solidários e reforçar a cooperação.
Bisnetos paulistanos de Dona Didi |
Rogers define "relação de ajuda como aquela em que, pelo
menos uma das partes procure promover na outra o crescimento, o
desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma
melhor capacidade
de enfrentar a vida”. Muitas relações, em vários âmbitos, podem preencher esta
definição e, portanto, serem de ajuda.
Café da manhã em Minas. |
Por exemplo, as relações familiares, desenvolvidas entre
pais e filhos, entre irmãos ou entre marido e mulher devem procurar promover o
crescimento no outro.
Quando o médico escolhe uma profissão de ajuda está
implicitamente
dizendo que deseja promover o desenvolvimento do bem-estar do outro, ainda que
muitas vezes permita que esse outro se torne apenas um objeto da sua própria
experiência.
Regina no Peru, 1997. |
Caso o professor entenda que tem uma missão mais do que
uma profissão, ele pode Ser com os seus alunos e viver com eles relações muito
significativas.
A amizade também pode ser um campo frutífero de ajuda
mútua em que cada um promove a mudança e o crescimento no outro.
Matheus e Juliana, 09.03.2014. |
As comunidades se organizam em torno de algo que os une.
Uma ideologia ou simplesmente um momento circunstancial comum. Muitas vezes o
indivíduo pode ser massificado, mas o ideal é construir comunidades centradas
na pessoa, em que o ambiente permita o crescimento individual.
Mas pode haver o desejo de promover o crescimento e ainda
assim a relação não ser de ajuda. Lembramos que as atitudes de ambas as partes
são determinantes para fazer a genuína relação de ajuda, apesar do papel
importante do voluntário integralmente bem preparado.
Aleixo com abóboras mineiras |
Quando as atitudes de respeito pela individualidade do
outro e de interesse sem desejo de posse estão presentes, os resultados são positivos.
Mas reitero que para que uma relação de ajuda possa
acontecer, o voluntário tem de estar disposto a dar-se. Para que aconteça o
diálogo compreensivo, o voluntario precisa sentir um interesse genuíno pelo
outro como pessoa, ver-se na relação de igual para igual, em proximidade,
autenticamente presente, reconhecer no outro a capacidade de mudança,
garantindo-lhe a liberdade de conduzi-la.
Regina, Fábia e Aleixo, 2013. |
A atitude do outro também é importante na determinação do
significado da relação. Ele precisa compreender, em primeiro lugar, que tem
necessidade de ajuda nesse momento. Também tem de desejar receber essa ajuda
como ponto de partida na relação ou dificilmente se abrirá para ela.
O voluntário necessita acreditar no potencial humano de
auto cura e auto realização. Acreditar que aquela pessoa quer e pode curar-se,
que tem dentro de si os recursos necessários, mas que sabe qual o melhor
caminho para o seu crescimento.
Também necessita estar em congruência consigo mesmo e na
relação. Mesmo porque “a relação de ajuda ideal é aquela criada por uma pessoa
psicologicamente madura.”.
Clélia, Sonia, Fred, Dora, Vaíte e Fábia. |
Na relação de ajuda acontece um contato de pessoa a
pessoa. Nesta relação é garantida a liberdade para partilhar as emoções. E a
partilha de emoções gera confiança.
“Dizer no sentido de expressar é respeitar. É considerar
o outro como pessoa é dar-lhe os meios para gerir a sua vida. Não dizer
significa faltar ao respeito, isto é, manter o outro na dependência, é
considerá-lo incapaz de tomar conta de si.”
Quando se está numa relação em que o crescimento e a
felicidade do outro são tão reais como o crescimento e a felicidade próprios,
há compreensão, vive-se liberdade e respira-se afetividade. A relação de ajuda
é, de fato, uma relação do coração. De coração a coração.