segunda-feira, 10 de março de 2014

O QUE É DIÁLOGO COMPREENSIVO




Regina, março 2014.
Sabemos que a relação é indispensável para o ser humano.  Como o ser humano é um ser social, a relação é algo natural em sua vida. Todavia, uma relação significativa ainda é difícil em qualquer circunstância.
Relação é um termo bastante amplo, mas aqui optamos por defini-la como ligação, conexão. O ser humano precisa de relações significativas, verdadeiras e profundas para viver. O calor humano,
Bisnetos  paulistanos de Dona Didi
 cuidado, a empatia e a dedicação são essenciais ao amor que, por sua vez, é essencial ao processo de tornar-se uma pessoa. Compreender melhor os outros, reagir com empatia às suas necessidades e aos seus sentimentos, permite ter menos medo dos outros, sentirmo-nos mais próximos, mais solidários e reforçar a cooperação.
Rogers define "relação de ajuda como aquela em que, pelo menos uma das partes procure promover na outra o crescimento, o desenvolvimento, a maturidade, um melhor funcionamento e uma
Café da manhã em Minas.
melhor capacidade de enfrentar a vida”. Muitas relações, em vários âmbitos, podem preencher esta definição e, portanto, serem de ajuda.
Por exemplo, as relações familiares, desenvolvidas entre pais e filhos, entre irmãos ou entre marido e mulher devem procurar promover o crescimento no outro.
Quando o médico escolhe uma profissão de ajuda está
Regina no Peru, 1997.
implicitamente dizendo que deseja promover o desenvolvimento do bem-estar do outro, ainda que muitas vezes permita que esse outro se torne apenas um objeto da sua própria experiência.
Caso o professor entenda que tem uma missão mais do que uma profissão, ele pode Ser com os seus alunos e viver com eles relações muito significativas.
A amizade também pode ser um campo frutífero de ajuda mútua em que cada um promove a mudança e o crescimento no outro.
Matheus e Juliana, 09.03.2014.
As comunidades se organizam em torno de algo que os une. Uma ideologia ou simplesmente um momento circunstancial comum. Muitas vezes o indivíduo pode ser massificado, mas o ideal é construir comunidades centradas na pessoa, em que o ambiente permita o crescimento individual.
Mas pode haver o desejo de promover o crescimento e ainda assim a relação não ser de ajuda. Lembramos que as atitudes de ambas as partes são determinantes para fazer a genuína relação de ajuda, apesar do papel importante do voluntário integralmente bem preparado.
Aleixo com abóboras mineiras
Quando as atitudes de respeito pela individualidade do outro e de interesse sem desejo de posse estão presentes, os resultados são positivos.
Mas reitero que para que uma relação de ajuda possa acontecer, o voluntário tem de estar disposto a dar-se. Para que aconteça o diálogo compreensivo, o voluntario precisa sentir um interesse genuíno pelo outro como pessoa, ver-se na relação de igual para igual, em proximidade, autenticamente presente, reconhecer no outro a capacidade de mudança, garantindo-lhe a liberdade de conduzi-la.
Regina, Fábia e Aleixo, 2013.
A atitude do outro também é importante na determinação do significado da relação. Ele precisa compreender, em primeiro lugar, que tem necessidade de ajuda nesse momento. Também tem de desejar receber essa ajuda como ponto de partida na relação ou dificilmente se abrirá para ela.
O voluntário necessita acreditar no potencial humano de auto cura e auto realização. Acreditar que aquela pessoa quer e pode curar-se, que tem dentro de si os recursos necessários, mas que sabe qual o melhor caminho para o seu crescimento.
Também necessita estar em congruência consigo mesmo e na relação. Mesmo porque “a relação de ajuda ideal é aquela criada por uma pessoa psicologicamente madura.”.
Clélia, Sonia, Fred, Dora, Vaíte e Fábia.
Na relação de ajuda acontece um contato de pessoa a pessoa. Nesta relação é garantida a liberdade para partilhar as emoções. E a partilha de emoções gera confiança.
“Dizer no sentido de expressar é respeitar. É considerar o outro como pessoa é dar-lhe os meios para gerir a sua vida. Não dizer significa faltar ao respeito, isto é, manter o outro na dependência, é considerá-lo incapaz de tomar conta de si.”
Quando se está numa relação em que o crescimento e a felicidade do outro são tão reais como o crescimento e a felicidade próprios, há compreensão, vive-se liberdade e respira-se afetividade. A relação de ajuda é, de fato, uma relação do coração. De coração a coração.