sábado, 29 de maio de 2010

DEPOIMENTO DO FILHO PRIMOGÊNITO MARCO ANTONIO ARAUJO

Depoimento do filho primogênito Marco Antônio

Lembro-me de que meu pai foi o primeiro a tornar-se espírita. Ele já era maçon, assim como nosso vizinho, o senhor Cleóbulo, casado com Dª Floripes, que freqüentava a então Tenda do Caminho e o levou lá pela primeira vez. A sede inicial da entidade à época era uma espécie de rancho, sito à Vila Nova. Isso aconteceu por volta de 1952 e logo meu pai – José Araújo – passou a integrar a diretoria da antiga Tenda, ocupando sempre a função de tesoureiro na década em que permaneceu lá.

Meu pai participou ativamente das obras assistenciais desenvolvidas pelos irmãos espíritas. Gostava muito de ler e estudou a doutrina com afinco. Ele ajudou a inaugurar a - Casa da Pequena Costureira e, depois, a Obra do Berço que minha mãe – Geraldina de Araújo – viria abraçar mais tarde. Também o grupo Escolar Humberto de Campos. Construíram uma creche de dois pavimentos – Creche do Caminho, depois o Ginásio Emanuel, no Setor Sul. O doutor Altamiro de Moura Pacheco doou um terreno no bairro Santa Genoveva, onde edificaram a Casa da Mãe Solteira, depois, Lar de Matilde.

Em 1953, inauguram a nova sede da Tenda, hoje, Irradiação espírita Cristã. Lembro-me, ainda, do senhor Zé Rosa, cambono e zelador da Tenda. Morava no fundo do centro. Também, do espírita - Boanerges Crispim – radialista e excelente orador.

Vem à minha lembrança alguns nomes das pessoas que freqüentavam a tenda naquela época: Filon e o filho Anhanguera; Quintinliano Blumenschein que, mais tarde, fez a planta dos Irmãos do Caminho; Dª Carmelita que freqüentava a Tenda com o filho Edinho; Natália Pedatela, Cleóbulo e Floripes, Carmelita e o filho Edinho, Dr. Colombino Augusto de Bastos que era o principal médium e primeiro presidente do centro, Maria Antonieta Alessandri Figueiredo, Silvia Alessandri, Dirce, Etelvina e Juta, capitão Jurandyr e Deolinda, Benedita Pena.

Em 1961 começaram as reuniões na nossa casa da Rua Seis, esquina com a Rua Cinco. A direção da Tenda optou pela linha kardecista e alguns médiuns, coordenados por meus pais, resolveram permanecer como umbandistas. Isso aconteceu sem problemas. Meu pai tinha um lote no setor oeste e conseguiu autorização judicial (em razão da extensa prole menor), a fim de doá-lo para a construção da sede do recém-nascido centro espiritualista Irmãos do Caminho. A planta foi feita pelo Dr. Quintiliano que era também reitor na Universidade Federal.

Minha mãe - Didi – foi à inauguração da Tenda, em 1953. Lembro-me dos enfeites em coco buriti. A festa aconteceu perto do natal. Todavia, Didi só iniciou as suas atividades como médium, em 1956.

O projeto da Creche Casa do Caminho foi feito por mim - Marco Antonio Araujo. Os irmãos do Caminho tencionaram construir um Aprendizado Agrícola, no município de Sta. Tereza, nos idos de 1973, mas desistiram do projeto mais tarde.

O comentário de Terezinha

Oi, queridas, acessei o blog da dona Didi, vivendo a emoção de suas palavras de carinho filial e de reconhecimento por seu admirável trabalho em benefício da comunidade. Vocês também participaram de suas realizações, direta ou indiretamente, dividindo sua atenção com tantos outros, numa convivência, nem sempre fácil, regida pelo espírito do AMOR UNIVERSAL. Cumprimento-as pela divulgação de uma vida dedicada ao BEM e um exemplo para todos nós. Que sua obra floresça!
Beijos, T.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Comentário sobre o blog da Dona Vera, Guardiã do C. E. Irmãos do Caminho.

Minha menina querida!

Que idéia maravilhosa!
Sempre achei de muita importância fazer este levantamento sobre Dona Didi.
Nossa Casa precisa de memória.
Todos precisamos nos inteirar sobre esta pessoa incrível,
esta médium completa que nos deixou um legado de amor.
Outros médiuns, como vc mesmo cita, passaram por lá e
colaboraram com ela.
Além dos citados, sei de dona Nair e sr. João que foram os doadores
da área onde estão construidos a Creche, o Abrigo e a Escola.
Tenho certeza que você é, pela sua capacidade, a pessoa certa
para este trabalho.
Só uma pequena correção: o nome da mãe de dona Jenecy é DEOLINDA,
com E.
Estou corrigindo porque sei que ela fazia questão disto.
Beijos,
Vera

Comentários do Sr. Edy Machado de Simone, em 22 de maio de 2010.



Falas soltas sobre a Dona Didi, pelo Sr. Edy Machado de Simone, em 22 de maio de 2010.


Conheceu Dona Didi no C. E. Irmãos do Caminho, em 1983, no atual endereço, na Av. Ricardo Paranhos, mas já havia visitado a outra sede do setor oeste, alguns anos atrás.
Desde então, sempre acompanhado de sua esposa Neuza Mathias, não pararam mais de freqüentar e colaborar com os trabalhos assistenciais mantidos pelo centro.
Antes disso, Neuza já freqüentava a Irradiação Espírita, na Vila Nova. Mais tarde ambos passaram  a freqüentar o Centro E. Irmãos do Caminho que era presidido pela Dona Didi.

Presenciou, por várias vezes, trabalhos mediúnicos da Dona Didi, tanto como consulente, como médium gerador de energia dos trabalhos de cura.
Recorda-se de que as sessões públicas se dividiam entre os dias da semana da seguinte forma:
Às segundas, sessões kardecistas, às quartas-feiras, sessões de cura com o Mentor Espiritual Dr. Fritz e às sextas, fechavam-se as portas pontualmente às 19h30 para os trabalhos de Umbanda.

Nessa época o centro não era conhecido como Irmãos do Caminho, e, sim, Centro da Dona Didi. Sua fama para a assistência era grande e atraia gente até de outros países.
Uma das irmãs de trabalhos espirituais era a Mãe Chica que com suas garrafadas engravidava as mulheres que tivessem alguma dificuldade para ter filhos e os conselhos da mãe Francisca aproximavam os casais em crise. Mãe Francisca é o espírito de uma preta velha, usava a linguagem própria dos escravos e demonstrava conhecimentos fitoterápicos surpreendentes.Várias mulheres grávidas freqüentavam às sextas-feiras e faziam seu pré-natal com a mãe Chica. Foi o caso de nossas irmãs: Fiinha, Diana e Regina, dentre centenas.

Teve bons companheiros de trabalho que a lembrança não apaga; à frente da Mocidade atuante estavam os irmãos Saulo e Marco Aurélio que mantinham o forte, gratificante e compensador trabalho com a campanha Alta de Souza.
A cambonagem era executada pelos irmãos Dimas, Mario Scartezini e Mariazinha. Havia bons palestrantes e entre eles Dr. Cacildo que até hoje nos presenteia com suas palestras.
Citou ainda alguns dos velhos companheiros de trabalhos assistenciais como dona Benedita, Fiinha, Deolinda, Dr. Célio, Anita, Mariazinha, Rosalya, Jenecy, Edson, Ady, Zuleica, Divina, Elcyr, muitos dos quais ainda fazem parte das atividades do centro.

Junto com sua esposa, pelo período de 1983 a 1985, colaboraram intensamente na Creche Casa do Caminho. Depois, dedicou-se mais aos estudos e às palestras encerrando suas atividades neste centro, recentemente, por motivo de doença, como um dos coordenadores das sessões públicas vespertinas.


domingo, 23 de maio de 2010

Início de suas memórias!


Dona Didi iniciou suas memórias que se resumem em pequenos cadernos com relatos de acontecimentos de forma clara e objetiva. Aqui, postada apenas a primeira página, dedicada a todos os filhos, de muitas que logo serão editadas pela família.

1º Estatuto do Centro E. Irmãos do Caminho e sua primeira diretoria.


Estatuto criado pelo fundador do C. E. Irmãos do Caminho, José Araújo e sua primeira diretoria, em 1962.

Depoimento da filha Clélia

Regi me pede um depoimento sobre mamãe... Adiei quanto pude a tarefa, porque não é fácil, pra mim, falar sobre ela, em poucas palavras, mas, enfim, vamos lá... Vou tentar resumir meus sentimentos sobre essa mulher de quem tive a oportunidade de ser filha nesta encarnação.

Em criança, não tive uma convivência harmônica com minha mãe. Embora a respeitasse e lhe obedecesse, sem discussão, não concordava com suas atitudes ao priorizar o atendimento aos humildes e aos "irmãos" do Centro Espírita, deixando de acudir os filhos em algumas necessidades e ao próprio marido, que largava, muitas vezes acamado, para cumprir suas obrigações de médium.

Sofri muito com sua aparente indiferença ao meu desempenho escolar. Lembro-me de uma vez que ao chegar à casa radiante com a nota máxima conseguida em uma prova em que quase toda a turma tinha se dado mal, ouvi dela um comentário tipo "não fez mais do que a obrigação, está por conta de estudar".

Só fui compreendê-la mais tarde, quando me casei e tive meus filhos. Aí passei a entender e admirar a sua performance. Meu Deus, como criar aquele monte de filhos e achar jeito ainda de acolher outros tantos, filhos alheios que vinham parar à nossa porta e durante o tempo em que ali permaneciam recebiam o mesmo que os filhos da carne? Nossa irmã espiritual – Bené -, a quem ela sempre se referia como filha de criação, é um desses exemplos. Pude entender, com a maturidade, o seu critério de proteger os rebentos mais necessitados. Dona Didi, com singeleza, seguia a máxima do grande Rui Barbosa, evitando tratar igualmente os desiguais.

Desnecessário discorrer sobre a sua obra filantrópica e sobre os seus feitos mediúnicos, tão do conhecimento da comunidade espírita. Hoje considero um grande privilégio ter nascido naquele lar e sou infinitamente grata a José e a Didi, meus pais, por tudo que fizeram por mim e pelo exemplo de amor ao próximo que legaram a seus descendentes. Onde quer que estejam, sei que continuam o seu mister de servir. Que Deus os abençoe sempre!

Clélia

Jornal O Popular - Amor em dobro para filhos só de mães...

Matéria veiculada no Jornal O Popular,
em 19 de fevereiro de 1984 pela dedicação e empenho assistencial à Creche Casa do Caminho que amparava às mães carentes da cidade.