sábado, 7 de agosto de 2010




Memórias da Dona Didi – 5ª Etapa







Didi e Sônia, 2001.
Capítulo XXI



Madrugada do dia 4 de junho de 1953. Acordei, aprontei a malinha do enxoval do meu ou da minha nenê. Deixei Marco Antônio, Regina Lúcia e Clélia Maria com Natalina e Tertulina, irmãs que viviam em nossa casa e nos ajudavam com as tarefas domésticas. Fomos José e eu para o Hospital São Lucas, porque eu esperava o quinto filho ou filha.



Menininha, esta Sônia Cristina que não fez como os outros que demoraram horas para nascer! Apressadinha, hein?! Poucas dores, criança acomodada e inteligente! Desde cedo foi a companheira de José em tudo. José construiu uma granja no lote vago ao lado de nossa casa. Fez uma horta, tínhamos uma mangueira que dava frutos docinhos e dava uma sombra para as crianças brincarem debaixo. Sonia Cristina ajudava o José a tratar e a vacinar as galinhas. Vendia verduras fresquinhas e ovos para os vizinhos! José sempre dizia: - Esta menina será mais tarde uma grande negociante; realmente ela trazia tudo apontado e prestava contas de tudo ao papai.



Na época do carnaval, José comprava lança perfume para eles brincarem no lote vago e Regina borrifava nas galinhas e elas caiam tontas. Sônia se zangava e gritava: - Se você matar a Patona, você vai ver! Patona é a maior galinha do galinheiro.


Sônia Cristina, 1958


Sônia Cristina gostava muito de criações. José criava galos papuíras que investiam na gente. Criou uma onça jaguatirica, uma ema, gatos e vários cães chamados todos de Tupi. Soninha adorava os animais e também era muito estudiosa. Aliás, todos os meus filhos foram muito aplicados no colégio. Eles fizeram o curso primário no Externato São José ou no Educandário Goiás, dirigido pelo professor Moacir Brandão e Dona Maria.



Todos os anos, José acendia fogueira no dia de São João. Eu fazia canjica, broas, pães de queijo, pé-de-moleque, doce de leite em pedacinhos, para a meninada, não só os meus, mas também para os da vizinhança. José comprava fogos de artifício e eles acendiam estrelinhas, rodinha coloridas, traques e busca-pé. Era a maior brincadeira deles. José era um pai maravilhoso, pena que mudou de plano muito cedo, deixando alguns ainda pequenos e não viu nenhum formado ou casado, tampouco os netos tão lindos e inteligentes.



Capítulo XXII



Todos os meus filhos me trazem muitas recordações. Eu continuava costurando as roupinhas da obra do berço. Sonia Cristina, já grandinha, me perguntou:



- Mamãe, para quem a senhora vai deixar a máquina de costura quando a senhora morrer?



_ Por quê? Perguntei.



- É porque eu quero continuar fazendo as costuras dos nenês.

Sônia Cristina em 1960



Soninha foi sempre muito liberal, sempre gostou muito de fazer caridade. A alegria de dar é um impulso natural do íntimo. A caridade e o serviço amoroso e altruísta é o caminho mais curto e alegre que nos leva a Deus! Jesus, amado Mestre, como é bom a gente recordar... E a voz me alertava: - Filha, continuemos a escrever!



Soninha foi mais tarde uma companheira muito sincera e amiga para mim. Muito cedo ela exerceu a mediunidade no Centro Espiritualista Irmãos do Caminho e me acompanhava nas visitas de assistência aos pobres.



Capítulo XXIII



José me preocupava demais. Pela manhã eu me perguntava: - Será que ele anoitece? À noite, eu pensava: - Será que ele amanhece? Eu vivia numa grande atribulação... Com tantas crianças, como poderia dar conta de tudo sozinha?



Em junho de 1954, José estava internado no Hospital São Lucas com uma crise de soluços incrível. Era a mesma doença do Papa João XXIII em Roma. José fez diversos exames e permanecia muito mal no hospital.



Eu, mais uma vez grávida, esperando o meu 6º filho ou filha. Soninha era pequenina e também os outros filhos. Eu não tinha sossego, se estava no hospital, eu me preocupava com as crianças; se estava em casa, eu me preocupava com o José hospitalizado. América, irmã do Dr. Alírio, mocinha muito bondosa, me ajudava a olhar as crianças. Também o Tonho, irmão do José, e sua esposa Laurice, lavavam as roupinhas dos meninos e faziam a comidinha deles, pois eu não parava em casa, estava sempre no hospital com o José.



Após muitos dias de sofrimento para todos, José melhorou e voltou para casa. Mas depois de poucos dias ele teve uma crise horrível. Cansado, dei-lhe um comprimido para tomar e ele dormiu fazendo uma prece. Eu descansava na cama ao seu lado, dormindo. De repente, eis que me levanto, chego perto de José e a voz lhe disse: - Pronto, meu filho, aqui estou. Você ficará bem, por pouco tempo. Neste tempo você porá todas as coisas em dia. A crise vai passar. Assim sendo voltei para a cama, deitei não sei como. O José me acordou, dizendo:



- Didi, agora eu estou bem, já não estou com falta de ar, a febre passou, o corpo não está doendo... Tinha sido curado, graças a Deus! Agradecemos a Deus a ajuda do Alto e ele passou uma longa temporada bem melhor.



Capítulo XXIV



30 de julho de 1954. Era de madrugada e não demorou muito e comecei a ter os vestígios do parto. Era chegada de mais um filho ou filha. Aproveitei e fiz a malinha do nenê; Olhei as crianças que dormiam; José e eu fomos para o Hospital São Lucas, na rua quatro do centro da cidade. Deixamos as crianças com a Mariinha, moça abnegada que já estava lá em casa há algum tempo.
José Araújo Júnior, 1955




Chegou José Araújo Júnior, o Zezinho tão esperado depois do nascimento de quatro meninas seguidas. Nasceu fortíssimo com cinco quilos e duzentos gramas; era um meninão! As roupinhas ficaram pequenas e apertadas, todo diferente dos outros, até na alimentação. Cresceu forte e enorme e tinha uns brinquedos extravagantes... Fazia carrinhos de rolamentos e descia em disparada na rua seis. Mais tarde foi campeão de Judô e natação.



Quando ele tinha dois aninhos, eu o deixei em casa dormindo e fui entregar os enxovaizinhos da obra do berço na Tenda do Caminho; lá demorei pouco mais de uma hora e quando cheguei à casa, Juninho estava no bercinho passando muito mal. Soninha me dizia: - Mamãe, dê um passe no Juninho para ele sarar!


Juninho, em 1959


Corri, dei-lhe um banho, vesti-lhe um pijaminha e corri com ele nos braços para o hospital Santa Luiza, na Avenida Goiás, esquina com a Rua oito, no centro. Quando lá cheguei, ele foi assistido pelo Dr. Eduardo Jacobson que me disse: - É preciso operá-lo! Fiquei apavorada. José, meu marido, estava em Belo Horizonte, em tratamento de saúde e eu tendo de assumir tudo isto sozinha me dava medo...



Juninho estava na mesa de operação. Dr. Eduardo saíra um pouco, providenciando a operação, quando escutei a voz:



- Filha, carregue o seu filho. Chegando à casa, dê-lhe chá de mentrasto com sal; foi manga que ele chupou demais em sua ausência.



Agarrei o menino muito pesado, corri para casa, mandei fazer o tal chá e qual não foi a minha surpresa?! Ele vomitou tudo e disse-me: - Mamãe, não chore, já estou saradinho.



Como sempre fiz uma prece agradecendo a Deus a assistência que recebemos.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010



MEMÓRIAS DA DONA DIDI – 4ª ETAPA



Batismo da Tanit, no CEIC. Air, Sónia, Vanda, Deolinda e Didi, 1972. 
CAPÍTULO XVIII

A vida corria com muito êxito. José continuava ajudando o Dr. Colombino na tesouraria da tenda e na construção das obras assistenciais. Eu, agraciada com a mediunidade, continuava dando a minha colaboração nas preces, em trabalhos de passes em benefício dos enfermos. Continuava com a obra do berço. Trabalhei por dois anos com a Dona Belinha, esposa do Senhor Felinto, na obra do Preventório, na Fama. Ajudei o Senhor Odorico Nery e Dª Alda a angariar utensílios, móveis e colchões para o Solar Colombino Augusto de Bastos. Promovi o natal dos pobres por 45 anos... A qualquer hora que me chamassem, fosse de dia, de noite ou de madrugada, eu ia orar pelos enfermos e necessitados...

Como agradeço a Jesus poder concretizar tudo isto! Religião é assim, desprendimento de si mesmo, regeneração, alcançar o objetivo principal vivendo na prática do evangelho de Jesus Cristo! Fora disto, é tudo sofismas e equívocos.

Capítulo XIX

José Araújo sempre doente me preocupava muito. Contudo, ele continuava trabalhando, era um espírito dinâmico. Vendeu a Casa Araújo para o Senhor Roldão, esposo de Dª Raimundinha. Eles vieram do nordeste e se estabeleceram aqui em Goiânia.

Dona Didi em 08.11.2002, aos 80 anos
José montou um escritório de representações à Av. Anhanguera, no Ed. Cidade de Goiás. Fazia seguros de vida, de casas e carros. Tinha diversas representações, inclusive, da empresa Gás Bel e cozinhas / lavanderias da Wallig. Muito espírita sempre, continuava trabalhando na tesouraria da Tenda do Caminho e nas obras espíritas.

Resumindo a minha trajetória junto à espiritualidade, trabalhei três anos mediunicamente na Tenda do Caminho antes do desencarne do Dr. Colombino. Depois mais quatro anos dirigindo os trabalhos espirituais na Tenda, hoje, Irradiação Espírita Cristã. Em 1961 até 1962, nós tínhamos um núcleo em nossa casa que se especializou em trabalhos de materialização. Éramos 12 médiuns e juntos aprendemos muito em todo aquele tempo. Em 1962, após quatro anos de trabalho de direção espiritual na Tenda, meu marido José Araújo e eu doamos um lote que possuíamos na Rua 8 “A” do setor oeste para a construção do Centro Espiritualista Irmãos do Caminho, obedecendo às orientações espirituais.

Foi um grupo maravilhoso! Todos nós comungávamos o mesmo ideal. Foram desenvolvidos 152 médiuns que faziam parte dos trabalhos do novo centro. Havia especialidades em todo fator mediúnico. Lá trabalhamos, aprendemos e realizamos a assistência a todos que passaram por aquela casa espírita. Como estava pequeno, construímos a nova sede na Alameda Ricardo Paranhos, na QD 259, lote 12. Como o lote tem duas frentes, este fato favoreceu o aproveitamento de toda a área. No dia 9 de setembro de 1981, inauguramos a nova sede com uma sessão de quarta-feira, patrocinada pelo Irmão Fritz, por Bezerra de Menezes e Manuel Maior, com trabalho de receituário e curas neste novo local.

Capítulo XX

Assim é a vida, somos apenas instrumentos da vontade divina; sempre que quero uma resposta a meus anseios, espíritos jogam flores ou folhas, não sei de onde, que caem na mesa ou no meio da sala... Quando acordo de noite, espíritos voam do céu e caem pela janela de meu quarto e me trazem estímulos, mensagens de encorajamento e alegria...

Podem os leitores achar tudo isto uma grande imaginação. Não é não. Tudo é a expressão da verdade. Médium é isto, somos apenas instrumentos da vontade divina... Não devemos nos revoltar diante de muitos acontecimentos, porque Jesus nos proporciona sempre o melhor de acordo com o nosso merecimento.

Neste novo endereço trabalhei durante quinze anos e me afastei no final de 1996 devido à enfermidade de meu segundo esposo – José Nascimento.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Didi em 1952
CONTINUAÇÃO DAS MEMÓRIAS DA DONA DIDI - 3 ª ETAPA



Capítulo XV



Eu estava novamente esperando o quarto filho
Dia 2 de maio de 1952 nasceu a minha filhinha Maria Elizabeth. Criança forte, muito branquiou filha. Nunca tinha me sentido tão sem coragem. Após tomarmos o café da manhã em 1º de maio de 1952, José e eu fomos até o portãozinho de nossa casa. Conversamos fazendo planos para os decorrentes anos.
Tenda do Caminho, atual Irradiação Espírita Cristã

Ele trabalhava na Tenda do Caminho e me disse que a próxima obra seria a CASA DO CAMINHO, no bairro Santa Genoveva. Esta obra daria amparo às mocinhas pobres, sem pais ou mães solteiras. Dª Maria Antonieta, vice-presidente da Tenda, então, deu-me a incumbência de dirigir a obra do berço que daria assistência às mães pobres ou solteiras. Distribuiria 25 enxovaizinhos completos para bebês recém-nascidos.



Muitas pessoas me ajudaram nesta obra, quer me doando tecidos ou costurando lindas roupinhas para a obra do berço.



Capítulo XVI

Dia 2 de maio de 1952 nasceu a minha filhinha Maria Elizabeth. Criança forte, muito branquinha, linda mesmo! Estava na maternidade D.ª Gercina, na Santa Casa, à Rua quatro, esquina com a Av. Tocantins. Fiquei lá sozinha porque o José precisava ficar com as crianças em casa. Na noite do dia 3 de maio, minha irmã de criação - Agda e Daniel, seu esposo, foram visitar-me. Eu estava com uma complicação hemorrágica e febre. Na hora da saída das visitas, Daniel vendo que eu estava com muita sede devido à febre alta, colocou a moringa de água no criado perto da cama. Assim que eles saíram, eu puxei a moringa e a água caiu toda sobre a minha cama... Foi um choque terrível. Chamei a enfermeira, ela trocou a cama e trouxe a minha filhinha para eu amamentar. Ela estava rosada e sadia.



Na manhã seguinte, quatro de maio, Maria Elizabeth amanheceu morta. Parece que ela asfixiou por ter vomitado ao dormir de costas.



José, meu esposo, ficou desolado. Culpava todos na maternidade, mas eu lhe disse: - Tenha calma, as coisas acontecem; a gente não viu nada, somente podemos falar as coisas quando as vemos ou as assistimos.



Dia 5 de maio de 1952 fui para casa com seu esposo e os três filhos – Marco Antônio, Regina Lúcia e Clélia Maria.



Até hoje, quando me lembro desta passagem da minha vida, fico sofrida e chorona.



- Filha, recordar é viver! Continuemos a escrever as Memórias e agora mais do que nunca, comece um roteiro de caridade. Continue com o natal dos pobres, dando roupas usadas, sapatos, cestas de alimentos e assistência aos necessitados. Também, você criará, além dos seus sete filhos, mais sete meninas de outros pais... A sua caminhada inicia agora, o sofrimento, filha, é a base da subida!



Dona Didi em 1968
Capítulo XVII



Ninguém evolui sem sofrimento! Em circunstâncias diversas, acontecimentos que nos parecem derrotas são bens que não sabemos ou não entendemos de início. Importante lembrar que Jesus em sua trajetória terrena disse: - “ Pai, seja feita a Vossa vontade e não a minha.”



- Meu Deus, amigo de todas as horas, como é belo sentir a Sua presença através da vontade de regeneração!



Novamente, sentia perfumes de incenso, mirra e rosas. À minha frente, jardins floridos, campos verdes se estendiam em nuances de paz! Obrigada, Jesus, por tudo que tenho recebido...



O leitor poderá dizer que sou uma sonhadora, mas é a pura verdade tudo que escrevo! O caminho do bem é uma reta sem miragens...

Depoimento de Maria Alzira Pereira da Silva


Regina e Maria Alzira no CEIC

Conheci a Dona Didi na antiga sede do CEIC no setor oeste. Eu freqüentava o centro com minha família, tomando passe desde criança.

Minha mãe - Geny Alves da Silva - já atuava junto ao natal dos pobres, ajudava com a creche e estávamos presentes na pedra fundamental deste prédio.

Depois disso eu me casei e quando eu tinha 3 filhos a minha mediunidade começou a perturbar a minha vida e vim conversar com a dona Didi. Meus filhos eram pequenos então. O mentor me aconselhou a esperar um pouco, mas disse que se eu quisesse melhorar eu precisaria trabalhar mesmo.

Maria Alzira





Comecei a trabalhar, mas eu me sentia mal assim mesmo. Então, ia à casa de Dona Didi e ela me recebia com muito carinho e dedicação, mesmo que eu estivesse com meus filhos pequenos. Sempre que precisei, eu fui lá. Assim, nossos laços de afinidade se estreitaram.

O que eu sentia era que ela me acolhia com boa vontade, com um sorriso. Às vezes eu lhe levava sucos e até dividimos em sua casa o vinho de que ela tanto gostava. Eu entrei em sua intimidade, muitas vezes assisti à cena de ela dividir o alimento com seu companheiro José, seu segundo esposo, que também freqüentava o centro e a levava para os trabalhos espirituais. Com o tempo, eu fui conseguindo me equilibrar e também encontrei a harmonia como médium.

Zuleika, Tânia, Alzira, Keila, Valderez e Regina



Há um fato interessante de que me lembro. Fizemos uma rifa de um quadro da santa ceia, pintado pela filha da Dona Elcyr - a Paula. Eu ganhei o quadro e já imaginava o lugar onde o colocaria lá em casa. Daí, alguns médiuns se aproximaram e sugeriram que eu doasse o quadro novamente. Eu fiquei muito dividida, mas nada disse a ela. Durante a sessão o mentor me chamou e me disse: - “O quadro é seu”. E me indicou onde deveria pendurá-lo. Fiquei surpresa e feliz e até hoje ele se encontra no lugar sugerido.

 

Turma da quinta feira no CEIC
Quem marcou os dias do nascimento de meus três filhos foi o Dr. Fritz, por meio de Dona Didi. Além do pré-natal usual, fiz também o espiritual com ele, aqui no centro. Normalmente o ginecologista dava uma data e ele outra. Sempre segui as instruções espirituais e na época do nascimento do meu primeiro filho o médico achou que eu deveria fazer a cesárea, estipulou uma data diferente da data marcada pelo Dr. Fritz. Preferi confiar na espiritualidade e depois do parto o médico concordou com o fato. Ele nasceu no dia de meu aniversário 25 de fevereiro.




Eu tive um problema de saúde na segunda gravidez, quando morava em Brasília, mas vinha a Goiânia periodicamente para o pré-natal no centro. Tive cálculo renal com seis meses de gestação, precisei ser internada, mas tive alta para vir ao centro. A pedra foi expelida magicamente. O médico ficou surpreso e passou a freqüentar o centro também.

Dona Didi em seu apto. Ed. Trianon
Às vezes, morando em BSB, eu ligava para a Mariazinha e ela me retornava dando o nome dos remédios e assim sempre nos tratamos.



Surpreendente era a força dos guias de Dona Didi. Só quem conviveu com ela e assistiu aos maravilhosos trabalhos de cura que ela intermediou tem como imaginar a sua capacidade mediúnica. Na época em que ela saiu do centro, eu também saí do CEIC, retornando 4 ou 5 anos mais tarde.

Fui visitá-la algumas vezes junto com o pessoal do centro para dar-lhe assistência. Havia uma moça, chamada Lúcia Cândida, negra, que tinha dificuldade de integrar o grupo no início, mas depois se tornou excelente médium. Ela morava lá em casa e minha mãe um dia a acordou para vir ao centro. Ela ficou revoltada e ninguém entendeu por quê. Durante a sessão, o mentor lhe contou que em outra encarnação ela havia sido loura e minha mãe negra, além de ser também a sua escrava. Ela costumava acordar a minha mãe com água gelada...

Uma vez, apareceu um gânglio no pescoço de minha filha e o Dr. Fritz aconselhou a não mexer, porque ela poderia ficar muda. De fato, meses depois o tumor desapareceu. Sempre tive muita fé na espiritualidade e nunca me arrependi.

Minha convivência com a Dona Didi foi uma bênção e sempre lembrarei o amor e a dedicação com que ela me tratava.



quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEPOIMENTO DA MARIA AMÉLIA DE MORAES JARDIM






Conheci a Dona Didi desde a minha infância. Sua família era vizinha da minha na Rua seis. Meu irmão mais velho nasceu em 1939 e Dona Didi e o Senhor José Araújo já moravam lá. Roberto, meu segundo irmão, foi amigo de infância do Marco Antônio, filho mais velho de Dona Didi.

Nossa amizade se estreitou quando passei a ser colega de escola da Clélia, sua terceira filha. Isso aconteceu em 1961. Primeiramente estudávamos no Externato São José e depois de dois anos nos transferimos para o Lyceu de Goiânia. Meu pai reclamava que eu não ficava mais em casa e parece que Dona Didi também dizia que Clélia morava na minha casa! O fato é que nos tornamos muito amigas e nunca mais nos afastamos. Assim, eu convivi bastante com a Dona Didi e toda a sua família.

Naquela época tínhamos pouca diversão. Íamos ao cinema aos domingos e, de vez em quando, havia alguma festinha em casa de família. Era a minha mãe  quem nos acompanhava a essas festas - minha prima Fia, eu, Clélia, Regina, Marisa, Marina, Naíze, Bené...

Dona Didi e o senhor José já freqüentavam o centro e muitas vezes quando eles voltavam da sessão noturna eu ainda estava em sua casa. Clélia e Regina não podiam sair porque tinham tomar conta das pequenas gêmeas. O senhor José Araújo tinha uma chácara em Teresópolis e ele nos levava lá em seu carro.

Lembro-me dos lanches que a Dona Didi preparava para todos nós, biscoito frito de polvilho, Manezinho Araújo. Também das broncas que dava nas gêmeas que eram terrivelmente levadas.

Com o passar dos anos o Senhor José ficou muito doente e deixou de ir ao centro. Dona Didi passou a ir sozinha ou acompanhada por outros médiuns do centro. Lembro-me de que quando  ele não estava bem, o Senhor José ficava muito no alpendre de sua casa que era na esquina da Rua 6 com a Rua 5.

Dona Didi sorria sempre e elogiava muito os filhos. Estava sempre envolvida com o centro e a creche.

Minha família era católica e eu fui ao centro apenas uma vez naquela época. Hoje estudo a doutrina e freqüento um centro há mais de 3 anos. Gosto muito da prática do amor caridade e já dou a minha pequena contribuição.

Nos últimos anos de sua vida terrena visitei a Dona Didi muitas vezes em seu apartamento à Rua 4 do centro. Também a encontrava em eventos na casa de suas filhas: Clélia, Regina, Celina ou Sônia. Ela também costumava ir até a minha casa e eu cortei o seu cabelo por muitos anos.

Nos três últimos anos, isso ficou mais difícil, porque os filhos ficaram preocupados com o fato de ela morar sozinha e ela se transferiu para a casa do filho Júnior, no Jardim América, onde a visitei algumas vezes até a sua transição em fevereiro de 2005.

Sempre achei a Dona Didi uma pessoa alegre, apesar de brava ou severa quando necessário.