quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DEPOIMENTO DA MARIA AMÉLIA DE MORAES JARDIM






Conheci a Dona Didi desde a minha infância. Sua família era vizinha da minha na Rua seis. Meu irmão mais velho nasceu em 1939 e Dona Didi e o Senhor José Araújo já moravam lá. Roberto, meu segundo irmão, foi amigo de infância do Marco Antônio, filho mais velho de Dona Didi.

Nossa amizade se estreitou quando passei a ser colega de escola da Clélia, sua terceira filha. Isso aconteceu em 1961. Primeiramente estudávamos no Externato São José e depois de dois anos nos transferimos para o Lyceu de Goiânia. Meu pai reclamava que eu não ficava mais em casa e parece que Dona Didi também dizia que Clélia morava na minha casa! O fato é que nos tornamos muito amigas e nunca mais nos afastamos. Assim, eu convivi bastante com a Dona Didi e toda a sua família.

Naquela época tínhamos pouca diversão. Íamos ao cinema aos domingos e, de vez em quando, havia alguma festinha em casa de família. Era a minha mãe  quem nos acompanhava a essas festas - minha prima Fia, eu, Clélia, Regina, Marisa, Marina, Naíze, Bené...

Dona Didi e o senhor José já freqüentavam o centro e muitas vezes quando eles voltavam da sessão noturna eu ainda estava em sua casa. Clélia e Regina não podiam sair porque tinham tomar conta das pequenas gêmeas. O senhor José Araújo tinha uma chácara em Teresópolis e ele nos levava lá em seu carro.

Lembro-me dos lanches que a Dona Didi preparava para todos nós, biscoito frito de polvilho, Manezinho Araújo. Também das broncas que dava nas gêmeas que eram terrivelmente levadas.

Com o passar dos anos o Senhor José ficou muito doente e deixou de ir ao centro. Dona Didi passou a ir sozinha ou acompanhada por outros médiuns do centro. Lembro-me de que quando  ele não estava bem, o Senhor José ficava muito no alpendre de sua casa que era na esquina da Rua 6 com a Rua 5.

Dona Didi sorria sempre e elogiava muito os filhos. Estava sempre envolvida com o centro e a creche.

Minha família era católica e eu fui ao centro apenas uma vez naquela época. Hoje estudo a doutrina e freqüento um centro há mais de 3 anos. Gosto muito da prática do amor caridade e já dou a minha pequena contribuição.

Nos últimos anos de sua vida terrena visitei a Dona Didi muitas vezes em seu apartamento à Rua 4 do centro. Também a encontrava em eventos na casa de suas filhas: Clélia, Regina, Celina ou Sônia. Ela também costumava ir até a minha casa e eu cortei o seu cabelo por muitos anos.

Nos três últimos anos, isso ficou mais difícil, porque os filhos ficaram preocupados com o fato de ela morar sozinha e ela se transferiu para a casa do filho Júnior, no Jardim América, onde a visitei algumas vezes até a sua transição em fevereiro de 2005.

Sempre achei a Dona Didi uma pessoa alegre, apesar de brava ou severa quando necessário.

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