sexta-feira, 21 de maio de 2010

Depoimento da filha Regina Lúcia sobre a Dona Didi

Regina Lúcia, 2002.
Falar sobre a mamãe? Tema infinito... Mas puxo alguns fatos das lembranças ligadas à sua missão espiritual...
Lembro-me de quando meu pai começou a frequentar a Tenda do Caminho, convicto, trabalhando incansavelmente para as obras assistenciais. À noite ele ia às reuniões mediúnicas e dava carona para as irmãs de fé!
Inicialmente, minha mãe, muito católica, o criticava dizendo que ele ia para a macumba...Um dia, ela desmanchava uma costura com gilette e ele se aprontava para a sessão noturna. Ela reclamava muito, com ciúme das irmãs que ele transportaria... De repente, não se sabe como, ela foi jogada no meio da enorme sala de estar na casa da rua seis e se cortou toda. Meu pai certificou-se de que tudo estava bem e saiu. Ao retornar, trazia um recado do mentor da casa de oração! Didi devia comparecer em dia específico, quando haveria uma reunião festiva aberta a todos.
Eles compareceram e naquele dia voltaram comentando o que havia acontecido! Chamada à cúpula, ouviu lindas palavras do mentor e foi informada que tinha uma missão junto à espiritualidade. Ela só soube disso bem mais tarde, porque assim que adentrou o recinto, incorporou e ao retornar não se lembrava de nada que havia acontecido! Foi sempre médium inconsciente e desenvolveu diversas formas de mediunidade, conforme será relatado por inúmeros depoimentos de pessoas que presenciaram esses fatos...
Recordo ainda de sua dedicação! Inicialmente, eram três sessões semanais. Se houvesse algum evento familiar, aniversário de filhos, qualquer coisa era relegada em segundo plano. Primeiramente, devia atender os necessitados e a sua presença passou a ser cada vez mais exigida... Quantas curas a gente pôde presenciar! Quanta gratidão dos atendidos espiritual ou materialmente...
A obra do berço e depois a creche Casa do Caminho tornaram-se prioridade em sua vida. Aliás, mamãe conseguia a doação de peças de flanela ou de morim e cortava camisetas pagãs e paletozinhos para recém-nascidos... Assim aprendi a costurar... Ela cortava em série e eu a ajudava a costurar depois da escola... Conseguia retalhos e aprendi também a fazer colchas para os pobres.
Houve uma época que papai adoeceu e passou bastante tempo sem poder ir à Tenda do Caminho. Era na década de cinqüenta e como eu era a mais velha das meninas, minha mãe me levava junto com ela a pé até a Vila Nova, onde agora funciona a Irradiação Espírita Cristã. Ela era boa mineira e meia hora antes da sessão já se encontrava pronta em seu lugar em plena concentração.
O natal dos pobres era organizado anualmente. Cadastravam as famílias, mas no dia aparecia muito mais gente! Todos saiam satisfeitos, agradecidos, mas como trabalhavam os irmãos do caminho! Houve um ano em que pude acompanhar bem de perto. Eu tinha então dois filhos pequenos e morava no barracão no fundo da sede dos Irmãos do Caminho, à Rua 8 “A”, no setor oeste. A fila dos cadastrados se alongava por mais de um quarteirão e ia engrossando cada vez mais... Quando foi dado o sinal para entrarem, todos quiseram fazê-lo ao mesmo tempo e ao transporem o portão, derrubaram o muro. Meu filho Otávio tinha dois anos e ficou deveras impressionado o dia todo...
Dona Didi rodeada por crianças.

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