sexta-feira, 4 de junho de 2010

DEPOIMENTO DE ELZINHA, de SALVADOR, BA.



DEPOIMENTO DA ELZINHA, de SALVADOR, BA.

Chegada a GYN e encontro com Dª Didi e o senhor José Araújo, em 1957. Lembra-se do Senhor Ovídio que era um homem a quem o Dr. Celso foi procurar para ver a mina de cassiterita, em Uruaçu. Morávamos no Hotel Dom Bosco, inicialmente, e depois no Hotel Araguaia, recém-construído, no centro da cidade.

Elzinha e Tanit ( colo), 1964
O senhor José Araújo foi um homem admirável, pessoa íntegra, séria, trabalhava nas obras assistenciais, sem descanso, um pai ou irmão mais velho para mim e meu esposo. Costumávamos acompanhá-lo juntamente com seus filhos em visita à casa de Dona Maria Madalena, sua mãe. Ele mandou todo o enxoval de meu filho, falecido precocemente, mas depois usado por minha filha. Até hoje guardo duas peças com carinho.

O marido de Elzinha - Dr. Celso -, engenheiro de minas, geólogo, homem culto, cartesiano, ia ao centro para não me contrariar e pela amizade com Dª Didi e Sr. José Araújo, todavia não detinha muita fé. Um dia recebeu uma prova da entidade Pantera Negra, incorporada em Dª Didi. A entidade revelou à frente de alguns presentes, durante um trabalho de limpeza, fato pessoal do qual até eu mesma desconhecia. Celso ficou indignado ao perceber a quebra de sua privacidade, a princípio. Todavia, com o tempo, entendeu o porquê e nunca mais duvidou da espiritualidade. Passou, então, a estudar a doutrina, aprofundando-se cada vez mais até seu passamento, em 2007.

Freqüentaram juntas a Tenda do Caminho durante três anos. Como eu morava no hotel à Avenida Araguaia, descia a pé até a rua seis, esquina com a cinco, e saíamos à tarde, pedindo donativos para a obra do berço, o natal dos pobres, a construção dos novos projetos da instituição. Eu morria de vergonha, mas, escudada na fé de Dª Didi, eu me enchia de coragem.

Elzinha, Dona Didi e Maria Antonieta Alessandri
Lembro-me do carinho de seu marido José Araújo por mim e por meu esposo Celso Santos. Dª Didi era especialista em torta de maçã e sempre que a visitávamos ela nos oferecia. Eu gostava muito, mas Celso comia por delicadeza e ela só soube de que ele não gostava de doces muitos anos mais tarde!

Elzinha organizou o natal das crianças da Tenda do Caminho, em 1958; assumiu também o catecismo das crianças. Nessa época, ainda naquela instituição, Dr. Celso escreveu para vários contatos em São Paulo para angariarem donativos para o natal das crianças.

Para mim, Dª Didi foi um exemplo de amor, amizade, caridade cristã, doação infinita de si mesma. Foi mãe, irmã, amiga, confidente, médium inconsciente que desenvolveu recursos espirituais indizíveis ao longo do tempo, por meio da prática espiritualista do evangelho e de provações diversas, tudo vivenciado com muito amor, fé e caridade.

Em abril de 1960, Celso e eu mudamos para Salvador, onde nasceriam o primeiro filho Celso (1961), falecido com 12 h de vida e, mais tarde, a minha filha Tanit (1963). Contudo, nunca nossa amizade desapareceu. Pelo contrário, encontramo-nos muitas e muitas vezes, em Salvador ou em Goiânia. Em Salvador, ela ainda detém uma suíte em nosso apartamento, hoje, usada por suas filhas e genros.

Sempre que vínhamos a Goiânia, fazíamos questão de freqüentar o novo centro – Irmãos do Caminho – onde minha filha foi batizada e de cuja cúpula nós sempre recebemos as melhores energias espirituais.

Resumindo: Didi, para mim, foi tudo na vida e agradeço a Deus ter privado de sua convivência. Ainda, agradeço a certeza de que, um dia, estaremos novamente trabalhando juntas.

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