quinta-feira, 29 de julho de 2010

Continuação das Memórias de Dona Didi


Capítulo XI

Nós morávamos à Rua seis nº 46, no centro de Goiânia. Lá vivemos e criei todos os meus filhos. Era uma casinha linda, muito limpinha, muita ordem e cumpria-se horário para tudo.
Manhã do dia 17 de janeiro de 1948! Chovia tanto que parecia um dilúvio. Comecei a organizar tudo, as roupinhas dos filhos, quitandas, preparativos para o mês de resguardo.

José chamou a minha mãe Juventina e fomos para a maternidade do Dr. José Carneiro, em Campinas. Seria o Dr. Viggiano a fazer o meu parto. Depois de algumas horas difíceis, nasceu Regina Lúcia, verdadeira bonequinha. Olhinhos pretos, rostinho lindo, rosado, José ficou encantado e a todos ele dizia: - Vejam a bonequinha que ganhei! Realmente ela nasceu muito linda...

Capítulo XII

Chuva da Janela

Regina Lúcia em 1950
Por que este título? Parece tão comum, no entanto encerra algo maravilhoso. Quem é aquela menininha graciosa de Maria Chiquinha, com seu vestidinho de organdi bordado com meninas tocando os patinhos?! Linda, inteligente, quase dois aninhos, puxa uma cadeira da sala de jantar e coloca à janela... Lá fora, o céu cinzento, trovões roucos... Rua seis nº 46, esquina da Rua cinco, no centro da cidade de Goiânia...

A menininha colocou as suas mãozinhas no vidro da janela. Os pingos da chuva caíam na vidraça como desenhos de lindos poemas vividos...


- “Mamãe, chuva é água”! Disse a menininha. Regina Lúcia é o seu nome. Grande descoberta, um maravilhoso momento para uma criança de menos de dois anos. Esta criança é muito imaginosa, vai ser muito talentosa, dizia José, o pai coruja.




Foto de Regina Lúcia com um ano e meio de idade








Capítulo XIII


Era o dia 24 de agosto de 1950. Era um dia muito grande – dia de São Bartolomeu. Eu, grávida para dar à luz a qualquer hora. Nessa época minha mãe já não morava em Goiânia. Ela tinha ido para Betim, perto de Belo Horizonte, para morar com minha tia Jovita em uma chácara. No dia seguinte, 25 de agosto, às 17h, nasceu nossa filha Clélia Maria, na Santa Casa de Misericórdia, hoje o Centro de Convenções de Goiânia.


Era uma criança forte, chegou com 4 quilos e 200 gramas. José como sempre muito satisfeito. Clélia foi sempre independente. Nunca aceitava ficar no colo. Brincava em seu berço com seus brinquedinhos, aprendeu a andar rodeando o bercinho. Ela se sentia bem sem mimos e agarramentos. Foi sempre uma criaturinha adorável. Dormia sozinha, aprendeu a correr sozinha, mais tarde tornou-se sempre a primeira da classe e fazia questão das notas mais altas.


CLÉLIA MARIA em 1955

Assim é a vida! Que beleza, este viver nesta vida cheia de filhos maravilhosos que tive...

- Vamos ao trabalho, filha, dizia a voz amiga! Mentalize o jardim de sua casa, sinta o perfume das flores, veja os vasos de samambaia, de avenca e begônias – como sou feliz! Obrigada a Deus por me conceder tudo isto... Sinto que Deus é a fonte de luz e eu a luz imanada de Deus!

Capítulo XIV


Era o ano de 1951. José eu assistimos à cerimônia da pedra fundamental da futura TENDA DO CAMINHO, no dia 20 de janeiro.

Em 1952, assistimos à inauguração da Tenda do Caminho, na Rua 201, hoje, Rua Dr. Colombino Augusto de Bastos, o grande fundador desse grandioso evento. Médium cumpridor de seus deveres, dirigiu por alguns anos esta obra espírita. Meu esposo José Araújo foi o tesoureiro e por acréscimo de misericórdia ajudou o Dr. Colombino com algumas das construções assistenciais. Os dias passaram com muito trabalho. Minha casa simples era sempre limpinha e havia ordem e horário para todas as cousas.


Nunca tive vícios ou costumes ruins. Sempre fiz esforço de estar preparada para o trabalho mediúnico. José, por ser muito enfermo, abstinha-se de todas as extravagâncias. Nossa vida se resumia no cumprimento dos deveres e da religiosidade. Freqüentávamos o Centro espírita às segundas, quartas e sábados. Nas quintas e domingos fazíamos o culto evangélico do lar, conforme nos ensinou do Dr. Colombino.







Nenhum comentário:

Postar um comentário