Quando minha mãe estava grávida de mim e soube que eu nasceria no início de novembro, marcou a cesariana para o dia no aniversário de minha avó - 8 de novembro. Acontece que eu quis chegar logo, ela começou a passar mal no dia 6, não deu para esperar e eu cheguei às 01h15 do dia sete de novembro. Não havia vaga no hospital reservado para o dia seguinte e minha tia e depois madrinha Clélia ficou com a minha mãe Regina no antigo hospital Santa Luiza, do médico amigo de minha avó, Dr. Eduardo Jacobson. Meu pai precisava ficar em casa com meu irmão Otávio que tinha apenas um ano.
É difícil definir minha avó pra mim. Não fomos muito próximas, mas sei que devo ter herdado certas características. E a mais marcante delas foi justamente o envolvimento místico, que sempre tanto me fascinou desde pequena. Tanto que me custou aguardar os quinze anos de idade para ingressar no CEIC, que, na época, era presidido por ela, tendo meu querido tio Air como vice-presidente.
Comecei aos 14 anos me sentando no banco de trás dos médiuns. Mas, mesmo antes, eu ficava encantada com a sala de trabalhos de umbanda, as tantas velas coloridas que ela acendia nas pedras, cada um de nós, filhos e netos, tinha a sua, e, principalmente, os colares índios da entidade Pantera que ficavam dependurados lá na parede.Todos aqueles rituais me enchiam de alegria e vida.
E a minha avó vivia brigando comigo pra deixar a canoagem, tanto ela quanto os médiuns da sexta-feira que nos atendiam, diziam eles que eu não podia ficar me arriscando com aquele esporte, porque tinha vindo nesta vida com o poder da cura nas mãos e tinha vindo com essa missão entre outras. Só que na época não entendia o que era aquilo que ela dizia, só hoje cursando medicina que posso entender o que ela dizia e também depois de tantas reviravoltas na minha vida no Brasil e nos EUA.
Logo aos 15 anos comecei a ter problema ao assistir aula na ETFGO quando fazia o segundo grau, pois minhas mãos não queriam copiar a matéria do quadro e sim escrevia outras coisas que me arrepiavam, não tinha controle daquilo. E lá ia eu novamente recorrer a minha avó, que dizia ser psicografia.
Fui para os EUA e nos distanciamos, mas nos falávamos por telefone e ela me escreveu uma linda carta antes de falecer que guardo com muito carinho.
E qual a minha surpresa quando numa das visitas de minha mãe aos EUA ela me leva justamente o Evangelho Segundo o Espiritismo que pertencia a minha avó desde os anos 50, com a assinatura dela e de todos os médiuns. Eu carrego esse Evangelho pra todos os lados que vou, não sai da minha bolsa, tem sido meu guia desde então nessas estradas de pedra que percorremos. E este mesmo Evangelho já contribuiu para a criação de uma Casa Espírita, a primeira delas, lá nos EUA, dentre muitas outras coisas que se fosse citar ficaria aqui por dias. Tem sido o símbolo do legado da minha avó para mim. Sei que minha AVÓ DIDI está sempre entre nós e não se arrependeu de ter confiado seu evangelho a mim.
Fábia Fernanda
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