terça-feira, 21 de dezembro de 2010

O PRESENTE DE DONA DIDI


Cachorros filas criados na Creche.
Preconiza o ditado popular que sempre existe um chinelo velho pronto para acolher um pé torto. Minha mãe gostava muito dos animais! Criava dois cachorros filas na creche e ao chegar lá, a cada manhã, tinha sempre um afago para eles ou alguma guloseima! Todavia, não gostava de animais dentro de casa, mesmo porque morava em apartamento.

Nos intervalos das aulas que  eu ministrava em duas instituições em Goiânia,  eu costumava visitar mamãe em seu apartamento  no Edifício Trianon, na Rua Quatro. Como ele era bem central, ia ao banco pagar contas e, às vezes, esperar o horário de outra aula ou reunião, enquanto conversávamos e eu curtia a sua companhia, além de ser brindada com chá e biscoitos assados na hora.

Cão Fila.
Um dia, ao chegar, encontrei mamãe preocupada! Disse-me que havia ganhado um presente de alguém de quem ela gostava muito e não sabia o que fazer com a peça. Levou-me para vê-lo e não pude deixar de rir...

Didi e sua filha Sônia, em 2001.
Imaginem que era um enorme cachorro preto com mancha branca e língua vermelha! Claro que quem a presenteou teve a melhor das intenções! Ela me explicou que tinha sido a sua funcionária de maior confiança na creche. Esta senhora sabia que ela gostava muito dos dois grandes cachorros filas! E como ela morava em apartamento e não podia tê-los por perto, ela havia comprado aquela grande figura para que ela o colocasse em seu criado mudo e lembrasse sempre de seus animais queridos!

Mamãe naquele momento sofria deveras com o problema! Não sabia o que fazer com o presente e não o queria em sua casa! Disse-me que certamente se assustaria se acordasse no meio da noite e o tivesse no criadinho do quarto. Achava que ele era muito grande para outros ambientes do pequeno apartamento... O que devia fazer?! Sentia certo remorso, porque sabia que ele devia ter custado boa parcela do pequeno salário da boa servidora.

Eu ainda sorria quando lhe disse que ela tinha duas opções para não magoar a sua bem intencionada amiga! Podia colocá-lo perto de uma porta, no chão, onde alguém possivelmente fosse esbarrar e quebrá-lo incidentalmente... Ou, melhor, ela podia lembrar-se de alguém que gostaria  de receber aquele presente.

Sua filha Regina,  em 2010.
Ela pensou por uns instantes e me respondeu que já sabia quem amaria o cachorro de louça preta e língua vermelha!

Eu me prontifiquei a levá-la à casa da nova presenteada imediatamente! Colocamos o objeto no banco de trás do carro com todo o cuidado e nos dirigimos até a casa de sua amiga Maria das Dores!

E, realmente, como ela ficou feliz com o presente! Ela não o esperava e o achou lindo! Agradeceu emocionada e soubemos depois que ela tinha muito orgulho de seu cachorro e sempre se lembrava orgulhosamente de que havia sido um presente de sua querida Dona Didi.

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