MEMÓRIAS DA DONA DIDI – 7ª ETAPA
Capítulo XXVIII
Marco Antônio e gêmeas, 1962 |
José e eu sentamos à mesa para o culto evangélico do lar. Nesse tempo as gêmeas tinham 20 meses. Aprontamos as suas e as colocamos nos berços para dormirem. Lemos o Evangelho, textos de alguns outros livros, discorremos sobre os temas abordados, oramos, tomamos água fluída e quando nós terminamos o culto, cadê as gêmeas?! Elas tinham fugido, pulado a janela alta, aberto o portão... Por morarmos numa esquina, cada uma saiu por uma rua diferente... Que aflição! Graças a Deus, naquele tempo não havia tanto movimento!
Elas tinham dois aninhos quando subiram no telhado da nossa casa. Imediatamente eu pus a vizinhança em polvorosa. Eles cercaram toda a casa com lençóis. Elas corriam lá em cima que dava medo de caírem... Felizmente cansaram e José pode descê-las. Foi um susto terrível. Depois de tantos anos, cresceram e se tornaram ótimas filhas. Maria Celina fez Assistência Social, casou-se com Washington Luiz Santos e tiveram 03 filhos. André Felipe, Marcela e Paula Wanessa. Maria Luiza foi para a Holanda trabalhar com Turismo. Lá conheceu Raymond Boerema, casou-se e tem 3 filhos: Renata Carolina, Raymond Junior e Ângelo Rafael. A espiritualidade, estas filhas juntamente com os demais filhos são a razão de minha vida.
Capítulo XXIX
Era o ano de 1964. Todos os meus filhos estudavam e tudo corria normalmente. Como sempre, eu dava assistência espiritual a todos que necessitavam. José e eu fomos à chácara de nossa amiga Jaty para darmos assistência a sua filha que ia se casar. Chegamos lá às 9 horas da manhã. Quando destinamos a regressar, eram 12horas. Ao chegamos a casa, encontramos Sônia Cristina caída debaixo da mangueira. Ela subiu, desequilibrou e caiu de altura bem grande. Eu a peguei no chão, desacordada e corremos para o Centro Espiritualista, na rua 8”A”, do setor oeste. Nós a colocamos na mesa de cura do Dr. Fritz; José fez uma prece e imediatamente o Dr. Fritz desceu e colocou gaze em sua perninha, deu as orientações, dizendo:
- “ Ela quebrou a perna em três lugares. Não deixem que ela ande durante 3 dias, coloquem as compressas e dê-lhe os remédios que orientei. Seguimos à risca as orientações recebidas. Ela estava fazendo provas no colégio, José e eu a levávamos de carro, carregávamos até a classe, obedecendo fielmente as ordens do irmão Fritz.
Ao fim de uma semana, ela estava bem, nós a levamos ao centro, Dr. Fritz tirou as ataduras e gazes. Não ficou nenhuma cicatriz ou seqüela. Toda vida, José e eu tivemos muita fé e tudo se realizava a contento.
Capítulo XXX
Era o ano de 1967. Tudo corria sob as ordens espirituais. Em 15 de junho de 1967, desencarnou meu esposo José Araújo. Foi triste demais para mim e as crianças. A gente é acostumada a ensinar o evangelho, mas quando chega a vez de a gente exemplificar este evangelho, como é difícil!
Continuei no centro e como José tinha o grande objetivo de amparo à criança, construímos – eu e meu genro - Air Gomes de Moura – à rua Tomás Teixeira Leite esquina com Rua C- 152, no Jardim América, a nossa Creche CASA DO CAMINHO, para dar assistência aos menores filhos de viúvas e mães solteiras de 1 a 7 anos de idade.
Dª Argemira ( mãe Air), Sônia e DIDI, 1993 |
Atuei como diretora e presidente desta instituição e fiz questão de dar amparo a todoas as crianças, doando o melhor para todas elas. Foi muito gratificante para mim. Uma das pessoas que muito colaborou foi o Dr. Célio Pires, grande espírita, que colaborava em parte com o sustento das crianças. Muitas criaturas dotadas de amor ao próximo me ajudaram com suas vibrações, serviços, auxílio monetário. Dr. Pedro Vasco, dono e diretor da ELLUS Construtora, me ajudava nas reformas, consertos da creche, enfim, uma obra de caridade propicia muitos adeptos para vivenciar os seus problemas gerais e ajudar nas necessidades.
Capítulo XXXI
A minha vida mediúnica corria dando-me oportunidade de exercer sempre a caridade. Infinidade de enfermos ocorria ao e a minha casa para auxílio. Chegavam doentes de todas as plagas do Brasil e quando não tinham recursos financeiros, após o trabalho de assistência espiritual, eu os trazia para casa e eles permaneciam dias e meses, eu cuidando de todos eles. Traziam crianças quase morrendo e eu ia a meu quartinho de amparo, orava e através de Eurípedes Barsanulfo, Dr. Bezerra de Menezes e Dr. Fritz eram manipulados remédios de homeopatia e todos eram curados e beneficiados de alguma forma.
Um dia, Dr. Wilson Coelho Fleury e o Geraldo Toledo furtaram um doente à morte de um hospital. Ele tinha um tumor no cérebro e vieram com ele ao meu lar dizendo:
- Dª Didi, este doente será curado por seu intermédio. O doente gritava de dor e a sua operação estava marcada para aquele dia no hospital... Lembro-me de que quando eu desincorporei, o doente esta ajoelhado, rezando e agradecendo a sua cura. Wilson e Geraldo estavam extasiados pela assistência do Alto... Somente pedi a eles:
- Levem o doente para casa e não falem a ninguém do sucedido.
Assim, de doentes desenganados pela medicina terrena eram retirados tumores, infecções em todos os órgãos, eram dados conselhos para auxilio mental, emocional, material e espiritual por meio da espiritualidade maior.
Lembro-me de que eu morava com meus cinco filhos mais novos à rua quatro, no Edifício Míriam, e, um dia, às 3 horas da madrugada, chegou um senhor que me disse depois de eu ser acordada:
-Trouxe algo para a senhora resolver. Desci as escadas e qual não foi a minha surpresa... Um morto no táxi e o homem que o acompanhava me disse:
- Me ajuda a enterrá-lo, não tenho recurso nenhum! Que poderia eu fazer? Apesar de minhas parcas condições materiais, fiz o que podia... O próprio defunto veio pedir-me, será que eu poderia negar a assistência final?
Capítulo XXXII
Após a morte de meu esposo José Araújo, ficamos na casa da Rua Seis por oito meses. Depois, minha filha Regina Lúcia montou uma escolinha na casa, chamada Escolinha Maternal Larissa. Aluguei um apartamento no edifício Jarina, na Rua Cinco com a Tocantins. Esse prédio havia sido construído bem recentemente e fomos dos primeiros moradores lá.
A escolinha foi o maior sucesso e Regina, aproveitando a greve da universidade onde estudava, foi para uma viagem cultural na Europa a fim de aperfeiçoar o seu inglês e o francês.
Quanto a minha parte material, montei uma pequena fábrica de confecções na Rua 68, continuação da Rua Seis. Também uma boutique. Fui a São Paulo com minhas filhas, compramos roupas para revender em casa. Não podia cortar materialmente aquilo a que os filhos estavam acostumados a ter... Lembro-me que depois que voltava do centro, fazia acabamento nas costuras da confecção. As peças mais finas ficavam na boutique, as demais eram entregues a algumas moças que faziam as suas vendas no interior.
Capítulo XXXIII
Todos meus filhos estudaram, casaram e me deram 23 netos e doze bisnetos. A minha vida continuava como sempre muito espiritualizada, trabalhando e acompanhando os filhos em suas jornadas evolutivas. Como médium propiciava o auxílio espiritual aos enfermos e necessitados. Como mãe, fiz questão de amar e dar o melhor dos exemplos a meus filhos. Fiquei viúva por dez anos, criando, educando e encaminhando os meus filhos.
Meu Deus, abençoe-me neste instante! Sinto que tenho que arcar com outra missão. Como é difícil acertarmos. Sei que o destino me reserva lutas diferentes. Abra os meus olhos, direcionando a minha força para o bem! Sim, Senhor, eis-me aqui!
Vozes maviosas plasmaram no recinto um lindo pomar de frutos de todas as espécies, também uma extensão enorme de roseiras. Um espírito conhecido colheu uma rosa vermelha e me deu...
Tome, filha, pelos próximos vinte anos que terá que passar... Sinta o perfume desta rosa, extasiando e dando-lhe força para não retroceder no meio da jornada... Vi-me em viagens por tantos lugares, levando o bálsamo, o lenitivo a tantas criaturas. Eu vi pedreiras, mares, pantanais, praias, cidades, rios, lagoas e córregos, e eu sempre ministrando a água viva do evangelho... Meu Deus, só tenho que agradecer tanta beleza, não será sacrifício, mas, sim, algo sublime e incomensurável...
COMENTÁRIO DA TARSILA, neta de Dona Didi
ResponderExcluirTia Ré,
É emocionante ler os depoimentos e os textos da minha vó!
Parabéns pelo blog, com certeza é muito bonito manter os pensamentos da minha vó vivos...
Beijos,
Tatá