MEMÓRIAS DA DONA DIDI – 8ª ETAPA
Capítulo XXXIV – Encontro de Almas
Era o ano de 1976. Encontro de almas... Ele aportou no Centro Espiritualista Irmãos do Caminho! Fiquei conhecendo José Nascimento Dantas, era uma pessoa que, mesmo tão diferente de mim, parecia um pedaço de minha alma. O ideal das criaturas é formar um novo lar, uma semente de Deus que nos dê forças para continuarmos a jornada.
José Nascimento Dantas, essência das almas puras, não teve oportunidade de aprender a ler e a escrever nesta vida, as lições mais rudimentares da educação formal. Porém, alma boa, muito espírita, cumpridor de suas obrigações, simples e humilde que me ajudou e me ensinou muitas coisas. Foi um companheiro que cumpriu à risca o que lhe era destinado... Em 15 de janeiro de 1977, nos unimos pelos laços do matrimônio. Esta união duraria 20 anos de troca e alegria compartilhada!
- Didi, o que seria de mim sem você? Dizia ele sempre.
Celina, Dª Maria, DIDI e José Nascimento |
Ajudou-me na missão da Creche Casa do Caminho, enfim, foi um companheiro de todas as horas ... Mudamos dez vezes neste período de vinte anos de convivência. E na última vez que voltamos para o nosso apartamento do Edifício Trianon, ele pediu-me:
- Didi, fiquemos aqui, agora. Daqui só saio para o Cemitério Santana. Foi realmente isto o que aconteceu.
Capítulo XXXV
José, as gêmeas e eu morávamos na T- 30, no Setor Bueno, no ano de 1977. Todos os outros filhos já estavam casados e seguindo as suas vidas. A vida corria normalmente. No dia 28 de julho de 1978, aconteceu o casamento da sexta filha - Maria Celina. Clélia Maria casara-se com Adevaldes em 1976.
Eu assisti à chegada de todos os meus netos. Fiz esforço de estar sempre presente nas horas necessárias. Oro e peço a Deus diariamente por todos eles... Todos os meus filhos são a razão de minha vida. Foi muito difícil coordenar a vida junto com José Nascimento e meus filhos, mas posso dizer que venci neste aspecto.
Didi e o neto Gustavo, em 1977 |
Maria Luiza foi para a Holanda atuar na área de turismo, ficou conhecendo Raymond Boerema, com quem se casou. Ela é mãe de Renata Carolina, Raymond Junior e Ângelo Rafael e continuam morando no velho mundo.
A voz sempre me diz:
- Filha, tudo é maravilhoso e divino! Existem pessoas que vêm ao mundo para servir e a sua família se chama humanidade! É o seu caso, filha, mas está cumprindo triplamente, lar, filhos e espiritualidade!
Capítulo XXXVI
José completou 81 anos no dia 5 de junho de 1996. Passamos o seu aniversário em Caldas Novas. Era nosso costume sairmos sempre em nossos aniversários. Fizemos uma festa quando ele completou oitenta anos na casa da Neuza, sua irmã que morava na Vila Nova. Ele ficou muito feliz então!
Em dezembro de 1996, José e eu saímos do Centro Espiritualista Irmãos do Caminho, pois ele já estava bem enfermo.
No dia 7 de outubro de 1997, desencarnou José, no Hospital São Domingos, na Avenida T-2. Ele ficou muito mal com câncer no fígado. Foi acabando a visão, os movimentos, não falava. Meu Deus, sofri demais com a sua enfermidade! Bebê e Lizete, suas irmãs, me ajudaram muito...
Agora são passados onze meses. Estamos no mês de setembro de 1998. Dia 7 de outubro vai completar um ano da morte do José. Permaneço do apartamento do Edifício Trianon onde ele gostava tanto de morar. Não sei o que a vida me reserva... Sinto uma solidão e uma tristeza tremendas. Parece que José levou um pedaço de mim... A saudade é imensa... Todos os meus filhos me convidaram a morar com eles, mas nada decidi ainda. Estou aqui noite e dia sempre pensando no Zezé, como eu o chamava.
Prece
Então, cheia de gratidão, convocarei a imagem daquele que descalço palmilhou passo a passo os caminhos agrestes da Galiléia. Oh, Cristo, figura luminosa, que deu sua Luz aos cegos! Levantaste os trôpegos em meio da marcha, revigorando com Tua essência divina as mentes apodrecidas pelo vírus do erro e da vaidade!
Deixa que continuemos a ver-Te como quando vinhas de Cesarea abençoar as criancinhas naquela ternura infinda! Perdoa as nossas faltas, como perdoaste Maria de Magdala, levantando-a para o caminho doce e ameno da regeneração!
Do Teu manto alvo e singelo emanava Tua força e Teu poder, curando aqueles que Te tocavam! Cristo, erga as Tuas mãos hoje e sempre, convocando-nos à fé viva, pura e esclarecida, como fizeste a Pedro, mandando que ele andasse nas ondas tempestuosas do mar da existência!
Tua atitude de fé e confiança permanece em nós, nas horas atribuladas e nossas vidas, revivendo quando na cruz martirizado estavas e pudeste ainda dizer:
- Perdoa- lhes, Pai, porque não sabem o que fazem!
Cristo, nós somos, até hoje, as Tuas crianças falíveis, dentro de nossa infinita indigência!
Dedicatória de Dona Didi ao casal Elza e Celso, 1982. |
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