Didi era uma cozinheira nata! Algumas de suas filhas também cozinham, mas há alguns pratos que só ela sabia fazer com excelência! É o caso de sua famosa torta de maçã! Celina e eu tentamos reproduzi-la, às vezes, mas não chega aos pés daquelas que ela preparava. Lembro-me que ela aprendeu a fazê-la quando eu era bem pequena, com uma vizinha Dona Dora, que alugava a casa vizinha do lado da Rua cinco. Didi depois presenteou a Dª Dora com uma fatia e a mestra cuca a elogiou tanto que ela passou a dizer que era uma receita de família e até hoje acreditamos nisso!
Tenho muita saudade das saladas que ela preparava, era tudo verdinho, cozido com pouca água e com a panela destampada para não perder a cor original da verdura! Também, do peixe com pirão, de sabor inigualável! Ainda, do arroz com carne seca bem miudinha, o Maria Isabel! E os chás com biscoitos assados na hora que podíamos tomar quando a visitávamos em sua casa à tarde! Sempre que eu ia ao centro da cidade, reservava alguns minutos para uma passagem naquele oásis!
Quando meu pai adoecia com crises asmáticas, e minha mãe precisava ir ao centro, sozinha, ela me levava junto. Nessa época eu era bem pequena e ela quase me arrastava porque andava muito depressa a pé. Assim, eu assisti a muitos trabalhos, como observadora, sem muita compreensão do que via! Eram trabalhos na antiga Tenda, primeiramente, depois passes na casa de enfermos ou assistência espiritual por outras razões, trabalhos de cura realizados junto à natureza, verdadeiras bênçãos cujo alcance eu não podia ainda entender!
"As coisas são descobertas por meio das lembranças que se têm delas. Relembrar uma coisa significa vê-la - apenas agora - pela primeira vez."
"As coisas são descobertas por meio das lembranças que se têm delas. Relembrar uma coisa significa vê-la - apenas agora - pela primeira vez."
Sei que nada acontece por acaso, repetindo um clichê, mas a sua saída prematura do centro a tocou muito! Ela perdeu quase ao mesmo tempo o companheiro de vinte anos e a razão maior de sua existência que era o CEIC! Seus filhos, razão primeira de sua vida, já estavam todos criados e com vidas próprias. Talvez, a espiritualidade lhe desse o livre arbítrio para que ela começasse a treinar o desapego, porque desencarnaria oito anos depois.
Ela tinha uma preferência pelos netos do sexo masculino, se bem que não admitisse! A exceção era a Renata, filha da gêmea Luiza, com quem sempre teve muita afinidade! Mas nas suas memórias, ela tece uma dedicatória a cada neto e bisneto, citados nominalmente.
Minha cunhada Terezinha disse-me que sonhou com ela recentemente e ela lhe contou que está trabalhando com a direção de um departamento na espiritualidade! Que Deus a abençoe e ilumine cada vez mais e, na medida do possível, que ela possa interceder por sua descendência, sempre que for necessário!
Regina Lúcia, Londres, 6.9.2010.
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