MEMÓRIAS DA DONA DIDI – SEGUNDO CADERNO
15.10.1996
Didi no Edifício .Barcelona, com vaso de tulipas |
Estamos caminhando para o ano de 1997. Não sei o que me reserva. Parece-me que a minha vida vai se modificar completamente. Fui ao Dr. Anis Rassi com a esperança de que os exames que fiz tivessem um resultado satisfatório, eu pudesse mudar os remédios, mas nada disso! Ele queria que eu fizesse outro exame que custaria 2.500,00 Reais, alegando que esse colocaria uma sonda da virilha até o coração, depois bombardeava em diversas partes do coração. Se fosse constatada a taquicardia, daria um clique e, talvez, eu sarasse e não precisasse mais de remédios. Não me convenceu e optei por não mexer mais com isso.
18.10.1996
Como sempre fui à chácara. Saí cedo e quando chegamos ao boteco da estrada, encontramos o caseiro que deveria estar trabalhando na chácara. Ele tinha tomado pinga. É sempre assim. Achei este Luis muito esquisito. Eram 12h30 quando chegamos a casa. José aborrecido por eu ir à chácara. Eu tinha deixado o almoço adiantado e logo o coloquei na mesa. Depois tive uma surpresa. José havia comprado um par de sapatos para mim. Preferia que ele não me aborrecesse.
24.10.1996
Hoje é dia do aniversário de Goiânia. José e eu fomos convidados para almoçar na casa do Deusdete e da Marly. Fica em frente ao bairro Goiânia Viva. Estou preocupada. Marco e Ione resolveram vir morar em Goiânia. Ele vendeu tudo que tinha aqui para mudar-se para Ribeirão Preto. Não sei como vou resolver tudo isto. Lá é mais fácil a questão de médico para o Marco e empregos para os filhos. Na volta da casa do Deusdete, passamos na casa do meu filho Júnior para cumprimentar a sua esposa Terezinha pelo aniversário. Retornamos a casa às 16h30.
06.11.1996
Didi e José Nascimento, na década de 90. |
Hoje saímos às seis da manhã para pegar o ônibus da Viação Paraúna para Caldas Novas. José quis me dar este presente de aniversário pagando a nossa estada de 06 a 14 de novembro no SESC de Caldas.
Dia oito, às 5 h da manhã, como sempre nestes anos todos, ele colocou Uísque no copo com água tônica e veio me cumprimentar pelo meu aniversário! Eu explico a ele que não posso tomar álcool devido ao fato de tomar remédios cardíacos, mas ele faz questão de brindar!
Os dias transcorreram sem novidades. Só descansar, ficar na piscina e comer nas horas certas, televisão e dormir. Foi bom descansar da cozinha. Voltamos no final do período.
13.12.1996 – sexta-feira
Fui ao centro Espiritualista Irmãos do Caminho. Esta seria a última sexta do ano de trabalhos espirituais. Após a leitura da obra Fonte Viva, apresentei ao Air o meu pedido de demissão do cargo de presidente da instituição, deixando no caderno do centro a cópia do que li. Muitos irmãos choraram devido ao meu afastamento do centro, porque deixei também o meu serviço mediúnico. Foram mais de quarenta anos de trabalhos mediúnicos! Durante todo este tempo, dei prioridade à minha missão, eu adoro a espiritualidade, respeito-a e sou grata a essa cúpula maravilhosa. O que eu sou, o que aprendi e o que consertei em mim mesma, devo aos meus guias espirituais.
16.12.1996 – segunda-feira
Hoje foi a última sessão de segunda-feira no CEIC, neste ano de 1996. Avisei à assistência e fiz o trabalho normalmente. Os guias reiteraram que cumpriram a sua missão e que agora subiriam.
18.12.1996 – quarta-feira
Foi marcada a nossa festinha de fim de ano no centro. Reunimo-nos às 20h. Li uma página de Palavras da Vida Eterna, cantamos Noite Feliz, fizemos a oração do Velhinho, cantamos o Hino de Emmanuel e depois dos agradecimentos foi servida a ceia. Soprei 50 velinhas no bolo. Tudo aconteceu na maior harmonia, só eu estava terrivelmente ruim, pois já sentia saudades de meus guias queridos.
22.12.1996
A minha vida tem sido vazia. Tenho feito uma força incrível para suportar esta monotonia... Se ao menos eu pudesse contar com meus filhos para maior diálogo... Enfim, vivermos compartilhando as alegrias e as dificuldades!? Mas todos têm as suas vidas próprias e deve ser assim mesmo.
Regia, DIDI e Aleixo, em 2003. |
Não sei quando foi melhor... Vivi com o José Araújo e ele foi uma pessoa muito íntegra... Passei 11 anos viúva, com muitas dificuldades, criando, educando, formando, casando meus filhos...Em 1977, eu me uni ao José Nascimento, ele tem sido um companheiro para os trabalhos de umbanda. Tenho vivido uma vida esquisita, não tenho com quem abrir a minha alma. Levanto-me as cinco ou 6 horas da manhã, faço café, arrumo tudo. Ultimamente tenho almoçado nos restaurantes de quilo. Cozinhei nos últimos dezenove anos. Adoro o silêncio, contato com Deus, a música, a natureza, as viagens, enfim, o inverso do José Nascimento.
Este mês de dezembro a minha filha Maria Luiza, uma das gêmeas, veio ao Brasil e ficou na casa da Sônia com o marido e os filhos. Eles vieram para o lançamento do livro da Regina – Presente de Meiga, que aconteceu no dia 25 de novembro, no Space La Fontaine. Por incrível que pareça, a Luiza só veio me visitar uma vez, para um almoço que os convidei. Não tenho muita união com meus filhos, eles têm dificuldade de conviver com o José e cada um tem a sua vida específica, mas adoro todos. Luiza e sua família foram embora no dia 26 de dezembro, passando pelo Rio de Janeiro, antes de retornarem à Holanda. Renata chegou no dia 7 de dezembro e retornou no dia 14 de janeiro.
26.12.1996
José e eu recebemos ordens de irmos a Guarapari para fazer um trabalho junto ao mar em agradecimento ao término de nossa missão no centro. Levantamos ás 6h da manhã, preparamos tudo, pegamos um táxi para a rodoviária e pegamos o ônibus da Gontijo para Belo Horizonte. De lá pegamos outro para Vitória e depois para Guarapari, aonde chegamos cedo no dia seguinte. Fomos para o Hotel Vieira onde estivemos até o dia 2 de janeiro, quando retornamos a Belo Horizonte em um ônibus leito. Mais tarde pegamos um ônibus da Itapemirim com destino a Goiânia. Choveu durante as 24 horas da viagem, mas chegamos sem novidades. Fizemos três trabalhos na pedreira, junto ao mar, nos dias 28, 29 de dezembro e 02 de janeiro.
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