quinta-feira, 30 de junho de 2011

CHÁCARA DA DONA DIDI

Celina Araújo, 2011.
Minha mãe sempre gostou muito de terra, ela sempre me dizia: “minha filha, daqui a alguns anos, quem tiver uma terrinha, principalmente com água, terá tudo".

E em sua ultima aquisição de uma chácara trabalhamos muito e construímos uma bela chácara, com água e muitas árvores, como ela gostava.
Ela comprou os lotes, totalizando 20.000 m², encomendou uma casa pré-moldada, melhorou bastante as condições de sua instalação, plantou sete palmeiras imperiais, dizendo que cada uma representava seus filhos.
E chegou a dizer para muita gente que a chácara era minha! Plantei tanta coisa naquele espaço! Lembro-me das mudas de oitis que reproduzem  bastante! Minha mãe estava sempre levando mudas e nós plantávamos tudo com alegria!

Filha Celina, Genro Luiz, netos Paula e André, com Didi, 1986
Inclusive para seu marido, Seu Zé, por ele não gostar de chácara e de nada que pudesse lhe dar trabalho, principalmente no que dizia respeito à terra.Tivemos muito trabalho, sobretudo, no  tocante a caseiros.
Acontece que quando ela adquiriu o terreno das chácaras, havia dois caseiros, cada um falava mal do outro. Um dizia do outro: ”não fique com ele, pois ele bebe muito”. Ela acabou escolhendo um alcoólatra, mas depois descobrimos que o outro era também, então, a escolha seria seis por meia dúzia.
Bisneto Rafael e Neto Ângelo  moram na Holanda.
Se bem que ela tentou consertar o caseiro escolhido, mas não deu certo... Deu a ele tudo o que ele pediu e muito mais de que necessitava, até certa mordomia, mas foi em vão.

No final, na hora de desfrutar um pouco da vida no campo, ela foi obrigada a vender o imóvel, por implicância de seu marido que dizia a ela: “como você dá tanto palpite numa coisa que não é sua” e, ainda, pelas fugidas no espaço de tempo entre as obrigações domésticas, o CEIC, a creche, a assistência espiritual aos necessitados. Ela me pedia sempre para levá-la lá e essas idas ao local sem hora marcada deixavam o Seu Zé enlouquecido.

Assim, ela só teve trabalho, aborrecimentos e pouco lazer, mas, no fundo, a satisfação de construir,  de tentar ajudar o próximo, pois era disso que ela gostava.

Maria Celina de Araujo, junho, 2011.

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